Aonde vai esta multidão de gentes estranhas?
Todas apressadas como formigas...
Sem desviar as caras pintadas vão atrofiadas.
Algumas de caras irónicas,
Vestidas de roucas estranhas...
Oh! Vão para a cidade
O Mindelo está invadido de gente louca
Que barulho de tambores é este?
Que cantares!?
Ah! Já me lembro! É a festa dos sãovicentinos.
É o carnaval!
Já ouço o som dos bombos e das caixas
O trac trac dos tamborinhos
São os pandeiros que tilintam...
Lá vem as fileira cantando,
Gritando e sambando.
Que vestes bonitas!
São múltiplas as roupas garridas e policromas!
É o bloco dos Vindos do Espaço!
Vem todo movimentado e iluminado...
Olá astronauta!?
Como está lá em cima oh rainha espacial!!
Mas... onde estão os outros?
Não vejo as coisas de outrora
Que eu em tempo de menino
Enfrentava a multidão, as pisadas, os engoches Para ver.
Onde estão os dragões de boca de lume?
E as girafas... os leões...?
Para onde foram as morenas de biquinis?
São poucas as sereias de agora!
Já não vejo o capitão tradicional...
Onde estão o Flores de Mindelo e os outros?
Todos simples espectadores!?
Nem vejo o gigante de pernas de pau...!
Só caixões... e as bailarinas?
É por isso que o teu sorriso se estreitou ó Mindelo?
Mas não fique com essa cara triste
De quem perdeu o filho.
Ponha pelo menos uma mascara irónica para disfarçar.
Talvez venha mais blocos mais tardinha...
Olha! Vem aí uma fileira lá em baixo!
Ops, desculpe-me! Vou correr pro outro lado...
- São os homens de lama!
Mindelo, 1996.
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