Neste programa n.º2 leio um trecho de "O Estado Impenitente da Fragilidade" de João Manuel Varela.
O escritor e cientista João Manuel Varela nasceu a 7 de Junho de 1937, em Mindelo, ilha de São Vicente e morreu a 7 de Agosto de 2007 na sua cidade de Micadinaia como se referia a Mindelo.
Formado em medicina pelas universidades de Coimbra e Lisboa, João Manuel Varela viveu largos anos na Europa, sobretudo na Bélgica, sendo doutorado pela Universidade de Antuérpia, onde pôde desenvolver as suas investigações no domínio do cérebro (neuropatologia e neurobiologia, em particular).
Nas suas andaças pelo mundo, Varela também viveu em Angola e no Lesoto, nos anos 70 e 80, tendo regressado a Cabo Verde em 1998 depois de uma ausência de mais de 40 anos.
Integrou-se no ISECMAR, onde passou a leccionar Citologia e Fisiologia Celular, até contrair a doença que o afectou para o resto da vida.
Em S. Vicente, fundou a Academia de Estudos de Culturas Comparadas, AECCOM, que publicou vários números da revista “Anais”.
Poeta, contista, romancista e ensaísta, como escritor, J.M. Varela usava como pseudónimos João Vário e Timóteo Tio Tiofe (poesia) e G. T. Didial (ficção e ensaios).
A sua obra, em especial a poética, é considerada pela generalidade da crítica como uma das mais complexas e ricas produzidas por um criador cabo-verdiano.
Varela publicou, em 1975, com o pseudónimo de Timóteo Tio Tiofe, aquele que é considerado um dos marcos da poesia cabo-verdiana pós-Claridade: “O primeiro livro de Notcha”, tendo se seguido, em 2001, “O segundo livro de Notcha”.
Mas é como João Vário que se impôs de forma incontornável nas letras cabo-verdianas, com uma série de livros denominados “Exemplos”, alguns dos quais escritos directamente em francês e inglês.
O romance “O estado impenitente da fragilidade” e os dois volumes de “Contos da Macaronésia”, além de textos dispersos, completam a bibliografia deste autor cabo-verdiano.
Além da literatura J.M. Varela, é também autor de uma vasta produção de carácter científico, parte da qual se encontra publicada de forma dispersa em revistas especializadas.
A par do químico Roberto Duarte Silva, Varela é o único cabo-verdiano que deixa o seu nome associado a descobertas na área médico-científica, nomeadamente o “sindroma de Varela”, um líquido existente no cérebro e que tem uma função considerada importante.